NUM RECANTO DO TEMPO
Num recanto do tempo
Eugénio de Sá
Foi numa foto que eu a conheci
E p’la ternura de umas poucas linhas
Em pensamentos ternos me perdi
Sonhando vidas que não eram minhas.
No coração guardei a sua imagem
Segredada aos sentidos exultantes
Sempre ela foi pra mim uma miragem
Que ainda me deslumbra como dantes.
Dá-nos a vida já no seu ocaso
- De vez perdidos os ímpetos maiores -
Outra visão mais doce dos amores,
E mesmo os que não foram consumados
Num recanto do tempo os resguardamos
Apurando os sabores que mais amamos.
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